terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Os melhores de 2017 segundo o Seringueiro Voador

Fechando o ano de postagens no blog bastante satisfeito devo dizer. Muito texto ficou por ser publicado, muitos começaram, mas terminaram no limbo dos rascunhos, ainda assim, foi o melhor ano do blog desde 2009. Ano que vem completamos um ano de blog e pretendo escreve ainda mais que neste ano. 

Olha, não sei se você é leitor fiel aqui ou está passando pela primeira e última vez, mas se for leitor constante, muito obrigado! Tentarei melhor ano que vem. 

Fim de ano é época propícia para relembrar tudo de interessante que aconteceu esse ano, mas que por uma coisa ou outra acabou passando batido, geralmente eu faço isso relacionado a música, área com a qual tenho mais afinidade em escrever e de fato a área que eu mais tenho acesso a novidades. Esse ano vou falar de música, cinema, literatura, televisão e tudo de legal que aconteceu no âmbito cultural ao qual eu tive acesso.

A lista que segue não tem pretensões de realmente dizer o que foi MELHOR no ano corrente, mas de tudo aquilo que eu gostei, sem pretensões absolutas aqui. É o que eu vi, ouvi e gostei e recomendo para você. Vamos lá?

Os melhores discos de 2017

Songs of Love and Death - Me and That Man

Projeto do lider da banda de Black Metal Behemoth uniu-se a um músico folck, ambos são poloneses, mas produziram um disco que nos leva diretamente ao interior dos Estados Unidos. Blues, country, rock'n roll de garagem está contido nessa pérola chamada Songs of Love and Death, as referências claras são Johnny Cash e Leonard Cohen. A beleza desse disco não pode ser resumida em meras palavras, tem que escutar.




Is this the life we really want? - Roger Waters

Já na casa dos setenta anos, trinta anos depois de seu último lançamento no estilo rock, Roger Waters volta com o seu melhor disco solo. A qualidade dessas canções é tão boa, que tivesse Mason na bateria e Gilmour solando na guitarra seria facilmente mais um disco do Pink Floyd, possivelmente o melhor desde The Wall, mas o mundo não é perfeito, a banda não retornou e ficamos mesmo com o melhor lançamento de Waters solo. 

Mas não só musicalmente o disco é bom, porque também é um disco político de um músico que não tem medo que assumir posições bem definidas, defender aquilo que acredita com unhas e dentes e cantar sua insatisfação, sua revolta com o mundo a sua volta. Sem firulas, sem metáforas, Waters diz o que quer dizer, cita nomes e xinga na cara! 

Não se faz mais músicos assim.


From the Fires - Greta Van Fleet

A melhor e mais legal revelação musical desse ano. O Greta Van Fleet vem na onda de bandas retrô que emulam o som dos anos setenta, esta no caso, uma nova versão do Led Zeppelin, que espanta  pela qualidade e similaridade das canções. Seja nos timbres do vocalista, na guitarra, no baixo, na bateria todos os elementos da banda repetem o Zeppelin a perfeição e isso em composições próprias e originais que parecem ao ouvido desavisado novas canções do Led Zeppelin.

Obviamente eles não terão futuro se somente se limitarem a repetir o Led, é preciso trilhar caminho próprio. Ouvindo From the Fires é possível identificar todo o potencial que a banda pode seguir no futuro. Uma banda para observar com atenção.


Pineal - Tagore

O disco é do ano passado, mas só escutei esse ano e como a turnê ainda tá rolando, então tudo bem, entra na lista. Aliás, vi três shows nesse fim de ano, um deles da Tagore num barzinho perdido em Pinheiros - SP num beco apertado, o lugar era minúsculo, o cheiro de cigarro era onipresente, foi um dos melhores shows que vi esse ano.

É uma banda difícil de descrever, mistura rock, pop e psicodelia ora soando como Luiz Gonzaga ora soando como Tame Impala. É excelente, não deixe de conferir.



Everything Now - Arcade Fire

O mais recente disco do Arcade Fire não superou seu antecessor, mas vá lá, é difícil chegar tão perto assim da perfeição, ainda assim é um disco notável. A proposta foi fazer um disco abordando tematicamente a cultura da imediatidade da internet e a insegurança da atual geração, nisso creio que eles conseguiram resumir bem a grande questão da juventude na canção Creature Confort, tematicamente a melhor do disco.

Musicalmente temos verdadeiras pérolas como Signs of Life, uma disco music dançante e a faixa título Everything Now com toques de ABBA. Merecem atenção também as delicadas e lindas canções Eletric Blue e We Don't Deserve Love. Um disco bonito e sensível.

Só perdoem a banda por Peter Pan. Todo mundo comete um deslize.

Gods of Violence - Kreator

Que disco senhores! É violento, é bonito, é empolgante, é trevoso, é meio ridículo em algumas letras. Enfim, é Heavy Metal! Esse estilo fantástico que consegue faz com que pessoas cantem músicas satânicas e ao mesmo tempo sejam moralistas e conservadoras na internet. 

Gods of Violence é daqueles discos que faz a gente querer bater cabeça e entrar numa roda de mosh depois de se entupir de cerveja barata usando uma camisa preta encardida, jeans velhos e coturno preto. Mais METAL que isso impossível. 

Se é sua praia não deixe de escutar essa belezura!

Motherwood

Essa banda brasileira de Black Metal caiu como uma luva para mim que até então tinha minha maior referência em metal extremo com toques de música ambiente no Burzum, que é aquele banda que a gente sempre escuta com a pulga atrás da orelha dada as posições políticas nazistóides de seu mentor Varg Vikernes.

Pois bem, o Motherwood bebe da mesma fonte e produz um Black Metal extremo, pesado e belíssimos repleto de passagens introspectivas, ao contrário do disco anterior, não convida ao mosh, mas à reflexão, à apreciação do som. Um excelente disco que mostra como está alto o nível do metal nacional. 

Lucifer Prometheus sun in aries 0º 0' 0'' - equinox - Lord Blasphemate

Nome grande né, pois bem esse é o novo disco do Lord Blaphemate, banda de black metal do Rio Grande do Norte, um dos melhores lançamentos em metal desse ano no Brasil. Num mesmo disco o caras mandam ver no Black Metal, Heavy Metal Clássico e até arrebentam num Prog Metal de 15 minutos lindo chamado "An Astral Journey Through of Kingdom of the Quliphots (Or the Kaballah of Satanas Panteu)". Ok eles precisam resumir esses nomes.

Mas a música é sensacional, eles são extremos, pesados, barulhentos pra caralho, mas também têm passagens belíssimas em piano, órgão, coral e até mesmo vocais femininos, até uns toques sinfônicos, ou seja é um disco de metal completinho. 

Aliás, só faltou um Power metal espadinha... ou melhor, não faltou não. Vá ouvir esse disco! 

Volcano - Temples

Essa banda produz um pop com fortes raízes na psicodelia retrô, trazendo de volta um som que remete às bandas dos anos 60. Ou seja, o som é viajado e dançante, você não sabe se sacode o esqueleto ou chapa na canção ou as duas coisas. 

Esse disco faz uma puta dupla com o pineal mencionado anteriormente. Recomendo!





Quietude - Os Descordantes

Mais é claro que eu vou falar da banda casa. Os Descordantes é coisa nossa, da terra, que aliás é o Acre, caso alguém não saiba. Musica romântica e sofrência nunca saem de moda e essa banda manda muito bem nos dois estilos, que frequentemente caminham juntos. 

Se você não se reconhecer em algumas das diversas desilusões amorosas cantadas pela banda, você pelo menos pode se emocionar e se embalar na música agradável e na poesia simples e objetiva das letras. Não deixe passar!



Melhores Discos ao Vivo

Eu adoro discos ao vivo, o maior momento de um banda é quando ela mostra seu potencial no palco com a energia e a empolgação dos fãs a sua frente. Gravar um bom disco ao vivo é um arte de fato, pois é necessário uma execução impecável e enérgica por parte da banda, carisma por parte de seu frontman  e obviamente o retorno desses dois elementos na forma como o público reage a música e tudo isso tem que ser muito bem captado na gravação. Então vejamos quem mandou bem esse ano:

Ghost - Ceremony and Devotion

Neste álbum ao vivo o Ghost demonstra que suas composições não funcionam apenas no estúdio, mas também são excelentes ao vivo. Verdade que o foco do disco ficou mais no terceiro lançamento Meliora, mas também músicas excelentes de Opus Eponymous e Infestissuman dão as caras num disco que acaba sendo também uma bola amostra de todo o trabalho da banda.






Blind Guardian - Live beyond the spheres

Eis uma banda que sempre manda melhor ao vivo, seu primeiro disco ao vivo Live ainda é para mim o melhor disco de metal ao vivo que já ouvi (sorry Maiden), o Carisma do vocalista, a execução perfeita da banda, soando mais pesada que nos discos de estúdio e a resposta insana dos fãs que chegam a cantar trechos inteiros das canções tudo isso perfeitamente captado no som.

Nesse segundo disco a banda repete todos esses elementos apenas dando uma atualizada no repertório com canções dos discos mais recentes, todas soando muito, mas muito melhor ao vivo. Se você não conhece o Guardian, minha dica, comece pelos discos ao vivo.


Massacration - Live Metal Espancation

A edição desse disco tá horrível o vocalista fala com a plateia ao final de uma música e repete a mesma coisa no início da outra, não sei se isso foi proposital dada ser uma banda de metal caricata, mas isso não tira o brilho e energia das canções toscas da melhor banda de metal de todos os tempos quando executadas ao vivo.

O Massacration começou como uma piada e ainda é, mas é daquelas que a gente não cansa de ouvir.




Rammstein - Paris

Disco gravado ao vivo em Paris dá uma boa mostra de toda a carreira do Rammstein e seu metal industrial como é chamado a mistura de heavy metal e música eletrônica promovida pela banda. Tudo isso soa muito bem ao vivo. Disco excelente para quem ainda não conhece a banda!








Os melhores filmes e séries

Bladerunner 2049  por Dennis Villeneuve 

Eu amei Star Wars, mas tenho que dizer que o prêmio de melhor filme do ano vai mesmo pra Blade Runner, filme aliás que flopou injustamente. É grande, é arrastado, mas é lindo, uma visão poética e devastadora do futuro onde máquinas são mais humanas e sentimentais que os próprios humanos. O filme resgatou muitos conceitos trabalhados no livro que o primeiro filme simplesmente descartou, como a relação entre homens e máquinas e o valor das coisas naturais, orgânicas.

E que final lindo aquele. Tô admirando cada vez mais o trabalho do Villeneuve e que venha Duna! 

Silence  por Martin Scorcese

Fato é que o melhor de Scorcese é quando ele aborda a banda podre da sociedade, mas o diretor tem uma sensibilidade para o lado espiritual que não pode ser ignorada. O filme aborda fé, sofrimento, dor e silêncio de Deus perante tudo isso. A solução perpassa a fé, mas é a mais humana possível. Ninguém vai sair convertido ou desconvertido após um filme de Martin Scorcese, mas se assistir corretamente e com atenção vai sair com uma ou duas questões para reflexão na mente.

Thor Ragnarok - Taika Waititi

Muita gente destetou esse filme. Geralmente fãs das HQs do heroi. Bem eu nunca li a HQ e devo dizer que acho muito injusta as críticas a esse filme. Era fato que Thor não tava dando certo no cinema, eram os filmes mais fracos, o ator não tem o tino para drama e nem Antonhy Hopkins tava no seu melhor no papel. Logo o filme abraça o seu próprio absurdo e sai um ótimo e divertido filme de humor. Eu me divertido horrores assistindo. 

Poesia Sin Fin por Alejandro Jodorowski

Todo filme de Alejandro Jodorowski é bem louco, agora ele resolveu recontar a vida dele em filmes. Poesia Sin Fin aborda sua juventude no Chile quando decide a contragosto da sua família que será poeta. Após um rompimento traumático com seu Pai ele decide não só escrever poesias, mas viver a poesia.

O filme é bem surrealista, os personagens são caricaturas de pessoas que realmente existem e passaram pela vida de Alejandro, muitos recursos teatrais são utilizados em cena e claro, tem muita poesia.

É um filme bonito e estranho e você fica sem saber muito bem como se sentir após assistir porque a beleza e o bizarro parecem sempre caminhar juntos com Jodorowski. 

Star Wars VIII Os Últimos Jedi 

Ainda não entendi por que o plural nesse filme, a Rey já é Jedi? Não precisa mais treinamento? A Força pega aponta pra um e pronto, Jedi. Enfim, se o primeiro filme ensaiou criar uma nova mitologia com um novo Império, um novo Imperador ou Sith ou coisa que o valha, um novo Vader, bem como uma nova escolhida pela força, uma nova aliança rebelde e tudo mais na velha estrutura Star Wars esse segundo filme veio pra bagunçar tudo, primeiro não explica quase nenhuma questão do primeiro filme e as questões que explica são de uma simplicidade exasperante, descarta vários personagens chave e trata a nova mitologia criada no Despertar da Força como lixo.

E isso é ótimo! Danem-se as repetições, agora o próximo filme será o mais imprevisível de todos. Para mim um grande acerto nesse filme e também ao mexer com as emoções daqueles que já admiravam a velha trilogia. Não tem momento mais bonito em toda a série do que a conclusão do arco de Luke Skywalker, aquilo foi perfeito pacas.

CORRA por Jordan Peele

Esse filme sensacional foi uma das surpresas do ano! Terror psicológico, humor nervosa e muito sarcasmo. O filme transforma a questão do racismo em um mote de filme de terror. Com um crescendo no suspense de tirar o folego e uma conclusão realmente imprevisível. Um filme que merece muito ser visto.

Twin Peaks - Terceira Temporada

Todos os críticos são unânimes em atribuir a Twin Peaks, quando de seu lançamento no inicio dos anos 90, a causa de uma revolução na forma como a indústria do entretenimento enxergava as séries de TV. Agregando diversos elementos de suspense, terror, comédia e drama numa história de uma investigação de assassinato que começa simples e deságua no sobrenatural numa trama complexo e psicológica, David Lynch e Mark Frost mostraram todo o potencial da TV.

Vinte e cinco anos depois Lynch retornou à pequena cidadezinha, agora para narrar uma batalha entre o bem e o mal, reavivar memórias nostálgicas e bagunçar nossa mente de novo com mais perguntas sem resposta. Unindo na série todo o seu talento para o humor e o bizarro, Twin Peaks tem tudo o que Lynch pode oferecer de bom, melhor série do ano!


É isso pessoal!

Minha lista bem pessoal do que eu mais gostei do ano passado. Obrigadão a você que me leu durante esse ano. Estaremos de volta em 2018, escrevendo ainda mais!