segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

40 anos do porco voador


Animals, décimo álbum do Pink Floyd, foi lançado no dia de hoje, 23 de janeiro, há exatos quarenta anos. A banda já tinha lançado dois discos marcantes "The Dark Side of The Moon" e "Whis You Where Here" que catapultaram a banda de mais um grupo de progressivo para fenômenos pop. Verdadeira máquina de lotar estádios e fazer dinheiro. 

Foi a partir de Dark Side que as letras de Roger Waters começaram a se tornar cada vez mais ácidas, processo que continuou em Whish... tornando-se, em Animals, também politizadas. O álbum, conceitual assim como seus antecessores, baseia-se livremente no livro de George Orwell, "Animal Farm" (A Revolução dos Bichos). Assim como Orwell fez uma metáfora da Revolução Russa usando animais, Waters faz uma metáfora da sua sociedade dividindo-a em cães, porcos e ovelhas. "Dogs" representando os homens da lei, "Pigs (Three Different Ones)" os políticos corruptos e "Sheeps" o povo sem pensamento próprio seguindo o líder. 

Musicalmente o disco oferece uma sonoridade mais enxuta, embora o disco seja basicamente composto de três longas canções mais uma curta e acústica introdução e encerramento. Há um peso maior nas canções e uma grande dose de ironia em cada uma, cortesia da vocalização de Roger Waters que exala sarcasmo no seu modo de cantar, ele canta em todas as canções do disco, Gilmour apenas canta a primeira parte de Dogs, de voz mais suave e melodiosa, faz com que o início de Dogs seja a única parte do disco que lembra a beleza onírica dos discos anteriores. Não que isso seja ruim, sendo a proposta de "Animals" ser uma paródia da sociedade britânica dos anos 70, o estilo de Waters cai como uma luva.

Outra característica interessante desse disco foi a notável redução da participação dos demais membros da banda. Waters é quem compôs a maior parte do disco e seu estilo claramente domina as canções, Gilmour divide com ele a composição de Dogs, mas só. Richard Wright não compôs nada para esse disco, isso apesar seu teclado ter destaque em diversos momentos do álbum, Nick Manson já não costumava compor muito na banda, mas sua bateria lenta e ritmada também é um ponto marcante do Floyd.

O relacionamento entre os membros do Pink Floyd já não andava bem no período de Animals e só pioraria causando o desmantelamento da banda na década de 80. Waters nesse período começou a acreditar que era o único grande compositor da banda e que era ele que a carregava nas costas, logo começou a querer se impor cada vez mais sobre seus colegas. Durante a turnê de Animals, irritado com um fã, Waters lhe cuspiria na cara, situação que o levou a imaginar um muro separando a banda do público. Essa ideia, somada a seus diversos traumas de infância, mas sua pose ditatorial sobre os rumos do Floyd culminariam num clássico chamado "The Wall", para o qual Animals funciona como uma forma de preparação, um ponto de ruptura do Pink Floyd a banda para o Pink Floyd de Waters. 

Obviamente a banda não sustentaria muito depois disso, e jamais seria a mesma depois, deve ser o preço que se paga por gerar tantas obras primas, mas estou me adiantando, a questão é que toda essa crise começou em Animals, ouça!



Caso alguém tenha se perguntado: por que porco voador no título, a foto que ilustra essa matéria e da estação termelétrica Battersea em Londres, a banda encomendou um porco gigante inflado a hélio pra ficar flutuando sobre a estação enquanto a equipe de fotógrafos registrava vários ângulos da imagem. Ocorreu que o porco se soltou dos cabos que o seguravam e saiu flutuando, mais tarde chegou a ser recuperado, mas no final das contas usaram um foto sem o porco e colaram a imagem por cima para a capa.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Jack the Joker na Progressive Metal do Spotify

Já falei da Jack The Joker por três vezes nesse espaço aqui, aqui e aqui  e por que tanta insistência em falar dessa banda? Porque acho eles muito bons. É uma das minhas bandas nacionais favoritas desde que meu amigo Oscar me apresentou eles, lá por 2013 eu acho. Em 2014 eles lançaram o primeiro disco In The Rabbit Hole e foi quando tive certeza que essa banda merecia ser conhecida e reconhecida no cenário metal nacional. 

Hoje o mesmo amigo que me apresentou a banda me avisou que duas músicas dos caras tinham entrado em um playlist oficial de Progressive Metal do Spotify, conhecido servido de streaming que vivo usando aqui no blog. As músicas "Volte Face" e "Brutal Behavior" tão lá listadas ao lado de nomes consagrados do Prog Metal como Dream Theater, Symphony X e Evergrey. 

Ainda não é o Grammy, mas um dia eles chegam lá. Acredito muito nessa banda. A playlist você confere aí embaixo.



domingo, 15 de janeiro de 2017

Sepultura - Machine Messiah

Existem duas coisas nas quais o Sepultura não tem interesse. Uma é perder sua identidade e a segunda é se repetir. Há uma pequena interseção entre esses dois pontos onde a banda consegue fazer um trabalho original sem deixar de ser quem é. Machine Messiah, seu 14º disco, consegue acertar precisamente nesse ponto ao se mostrar um disco moderno, original, inovador e ousado, até onde o limite da prudência admite para que sua sonoridade não deixe de soar Sepultura.

Muito da inovação nesse disco, a própria banda credita ao seu produtor, o sueco Jens Borgen, que teve total liberdade para opinar e trazer novas idéias às composições, tornando-se de certo modo o quinto integrante do Sepultura nesse disco.

Vemos um Sepultura trazendo elementos novos às suas composições. Um deles, cortesia de Borgen, é a orquestra tunisiana que dá um leve toque médio oriental às canções "Phantom Self",  "Sworn Oath" e "Resistance Parasites", sonoridade que caiu muito bem no som da banda, muito mais do que uma orquestra ocidental teria conseguido.

Outra novidade é Derrick Green explorando outras facetas de sua voz na faixa título "Machine Messiah", uma canção pesada, sombria e climática, e na música de fechamento "Cyber God", dois momentos em que o Sepultura soou, pelo menos para mim, como o Machine Head em seus mais recentes trabalhos, mas sem deixar de lado as características sonoridades do Sepultura, seja nos riffs ou no ritmo da bateria.

O Sepultura clássico aparece nas faixas "I am the enemy" e "Vandals Nest", trash acelerados, baseadas em riffs certeiros de Andreas Kisser, serão excelentes trilhas sonoras para as rodas de mosh quando tocadas ao vivo.

"Aletheia" para mim foi o patinho feio do disco. Mostra as capacidades técnicas da banda, com destaque para o baterista Eloy Casagrande, entretanto, apesar de ser uma composição ousada, para mim foi exagerada, tornando-se confusa.

A instrumental "Iceberg Dances" reúne o que de melhor tem o Sepultura, bons riffs, muito groove, musicalidade latina com utilização de instrumentos acústicos dando uma bela adição de harmonia ao peso da banda. A canção do disco que mais remete aos tempos de Chaos A.D. e Roots.

Machine Messiah é um dos discos mais interessantes do Sepultura, para mim é consideravelmente superior aos dois últimos "Kairos" e "The Mediator...", isso porque me mostra um Sepultura interessados em fazer coisas novas e com resultados excelentes como foram nos discos "Dante XXI" e "A-lex", discos que eu mais gosto da era Derrick Green. Torço para que a banda faça mais lançamentos como esse, com o olhar no futuro.

Disse lá no primeiro parágrafo que o Sepultura não é uma banda interessada em perder sua identidade, bem, se nos próximos lançamentos eles quiserem abrir mão um tiquinho mais da identidade em busca de novos sons, eu certamente não vou achar ruim. E você?





quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Moana - Um mar de aventuras ou uma jornada de autoconhecimento

Em determinado momento do filme Maui, o semideus, define a aventura como saber para onde se quer ir, sem que esquecer por onde você já passou. Alcançar esse equilíbrio entre o familiar e o desconhecido, passado e presente, o tradicional e o novo parece ser a verdadeira busca da jovem heroína do mais recente filme da Disney: Moana - Um Mar de Aventuras.

A jornada de Moana traça vários paralelos com o conceito de jornada do herói: o chamado para aventura; a reticência do herói; o mestre, no filme representado pela avó; o aliado, Maui (Semideus, transmorfo, heroi do mundo, em sua própria descrição); a superação dos primeiros desafios; uma ligeira derrota traumática e por fim a recompensa. Todas as características do estilo estão lá, entretanto, é em sua conclusão que Moana se revela muito mais uma jornada de autoconhecimento. 

Saber quem você é e onde está é a tônica que guia o filme, tanto em sua narrativa quanto nas canções tema que o embalam, todas excelentes diga-se de passagem. Da tradicionalista e conservadora Where You Are (Onde você está), cantada pelo pai de Moana, apegado a terra e à tradição de seus antecessores, à linda How Far I'll Go (Quão longe irei), onde a personagem principal expressa seu desejo de saber até onde pode chegar através do oceano, passando pela, também linda, Whe Know The Way (Conhecemos o caminho), canção dos ancestrais de Moana. 

A chave para o sucesso da aventura surge justamente quando Moana, após todos os quilômetros percorridos, lembra quem é e de onde veio e percebe onde quer chegar alcançando assim o equilíbrio entre as duas vontades conflitantes dentro de si o que a leva a descobrir quem ela é, e tal qual seus ancestrais, saber o seu caminho. E é através desse conhecimento que a personagem percebe que ao final não havia real vilão a ser derrotado, apenas recuperar o que há muito tempo fora perdido, tanto para si, quanto para Te Fiti, quanto para sua vila. 

Tudo isso é mostrado de forma leve, com muito humor politicamente correto e, o que mais me impressionou num filme da Disney, uma pequena dose de auto paródia (repare a descrição de Maui sobre princesas ou a cena pós créditos com Tamatoa o caranguejo gigante). 

Os critério técnicos da animação são soberbos de bons, o movimento das roupas, do mar da natureza são tão perfeccionistas que nos fazem sentir a ambientação. Chega a impressionar saber que é o primeiro trabalho em CG dos diretores. A trilha sonora, também é um espetáculo a parte, é a mais bonita dessa mais recente safra de filmes Disney. 

Um filme infantil sem dúvida, mas recomendado para todas as idades.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Dos Compromissos de ano novo

Obrigado eventual leitor que acompanha meu blog, eu sei que pelo menos um leitor fixo eu tenho, além de eu mesmo óbvio. Pretendo escrever mais esse ano. Mais e melhor. Não vou estabelecer metas, elas foram feitas pra gente deixar de lado ao longo do ano, vou estabelecer um compromisso. Não deixar a preguiça vencer, forçar minha mente a produzir.

É um compromisso não especialmente para esse blog, mas para vida, venho forçando isso desde 2015. Até essa data eu estava num ostracismo, tinha caído naquela zona de conforto que não exatamente onde a gente quer estar, mas também não é tão ruim. Resolvi sair, não exerci a faculdade que me formei, não gostava mais do curso que eu estava fazendo (fazendo não, empurrando com a barriga), então, qual o sentido disso? Queria estudar algo e exercer esse algo no futuro, não ficar na zona de conforto achando que todos os meus anos de faculdade foram em vão. Voltei para a faculdade no curso que eu queria estar e estudando a sério.

Outra coisa foi a leitura, estava lendo pouco, muito pouco. O que não me era natural há alguns anos, quando lia muito e lia de tudo, ano passado foi o ano de voltar ao hábito da leitura. Hábito que esse ano pretendo expandir, junto com outro hábito que há muitos anos deixei para trás, mas que me faz falta, escrever, não que eu não tenha escrito, mas escrevi pouco, muito pouco e não gostei de maior parte do que escrevi. Quero escrever mais esse ano, quero tornar um hábito de novo e quem sabe até o fim do ano eu escrevo algo que preste.

Esse ano também quero fazer algo que já fiz na infância, mas fiz de forma muito ruim, video games. Bateu uma vontade de jogar, já sei até o jogo que quero. Esse objetivo é um pouco mais dificil porque envolve investimentos financeiros, mas vá lá, a gente dá um jeito, até o fim do ano quero ter aprendido a jogar aquele jogo, depois a gente aprendendo o resto.

Então, eventual leitor, espero que você veja atualizações mais constantes aqui no blog, se você ver então terei cumprido meus objetivos.

Feliz Ano Novo, do fundo do meu coração não acho que o ano vá ser lá essas coisas, mas um bom ano se constrói baseado em como a gente enfrenta as adversidades que vêm de encontro a nós. Pra encarar esse ano transcrevo pra vocês Resist do Rush. Força aí e bom 2017

Resist

I can learn to resist
Anything but temptation
I can learn to co-exist
With anything but pain
I can learn to compromise
Anything but my desires
I can learn to get along
With all the things I can't explain
I can learn to resist
Anything but frustration
I can learn to persist
With anything but aiming low
I can learn to close my eyes
To anything but injustice
I can learn to get along
With all the things I don't know
You can surrender
Without a prayer
But never really pray
Without surrender
You can fight
Without ever winning
But never ever win
Without a fight