domingo, 10 de março de 2013

Resenha: Se um viajante numa noite de inverno...


Sempre é bom começar um ano com um bom livro, no meu caso esse livro foi “Se um viajante numa noite de inverno...” de Ítalo Calvino. Um livro fantástico, original, metalingüístico, pós-moderno, além de muito divertido. O tema principal é a leitura, mais precisamente o amor a leitura, o personagem principal, o grande herói, o próprio leitor. Basicamente o livro é a odisséia de um leitor aflito que não consegue terminar de ler um livro e acaba vivenciando situações kafkianas ao tentar de todas as formas possíveis terminar de ler uma história.

Tudo começa quando o leitor vai a loja comprar o novo livro de Italo Calvino, ao chegar em casa e começar a leitura fica estupefato ao perceber que, por um erro de impressão o livro só vai até a página 30, todo o resto é repetição do que já foi lido nas mesmas páginas, assim entra o leitor num labirinto de situações estranhar, personagens bizarros e conspirações malucas, além de várias e várias histórias incompletas, cada uma fazendo parte de um estilo literário, perpassando pelo policial, suspense, aventura, romance, erótico e até mesmo um conto apocalíptico e surreal de encerramento, além de diversos outros.

No meio de toda essa confusão, Calvino trabalha a leitura, o amor pelos livros, discute o sentido e o destino da literatura de várias formas, através de vários personagens que personificam vários tipos de leitores e até mesmo escritores e editores. Além de abordar questões como o valor da literatura para a sociedade e a questão dos direitos autorais. Não raro nos perguntarmos ao longo do livro, que tipo de leitor eu sou? Qual minha relação com os livros? Há um tipo ideal de leitor? Há um tipo errado? O que é e qual sentido da literatura? Essas, pelo menos, foram as perguntas que me vieram a mente, mas a outros potenciais leitores dessa ótima obra, podem vir muitas outras.

“Se um viajante numa noite de inverno...” é um livro para leitores e mais ainda para amantes da literatura. Recomendadíssimo.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Os 40 anos de The Dark Side of The Moon


Em primeiro de março de 2013 completam-se os 40 anos de um dos mais icônicos discos da história do rock, há exatos 40 anos Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Manson mostravam ao mundo uma de suas maiores obras, o disco The Dark Side of The Moon.

No ano de 1973 o Pink Floyd não era nem uma bandinha desconhecida de garagem, era um banda famosa, com carreira consolidada e grana suficiente pra mover todo seu equipamento pro meio da cidade abandonada de Pompéia e lá fazer um show ao vivo para ninguém, mas foi com o Dark Side que eles deixaram de ser uma banda famosa para se tornarem um gigante que enchia estádios com show lendários e egocêntricos.

E tudo começou com a idéia de fazer um disco que abordasse as neuroses, medos e males que atormentam a vida do ser humano e de fato muitos deles estão lá: a loucura, o tempo, o medo da morte, a ganância, a guerra, o preconceito entre outros. Tudo isso embalado numa das capas mais icônicas da história, um prisma refletindo um raio de luz branca nas cores do arco Iris, obra do genial Storm Thorgerson o artista que mais soube representar em imagens os conceitos por traz da música do Pink Floyd.

Musicalmente é um trabalho sublime, é também o disco mais coletivo da carreira da banda, todos os músicos pareciam estar em sintonia, há um pouco de cada um em cada música que você escuta ao longo do álbum. Há rock, blues, gospel, jazz, música eletrônica, tudo isso bem misturado e bem dosado ao longo das músicas, além, é claro, da já conhecida psicodelia do Floyd e talvez tenha sido justamente essa mistura de elementos que torna esse um dos discos mais populares e mais acessíveis da banda, podendo ser apreciado tanto pelo fã ardoroso quanto pelo curioso ouvinte casual.

Quarenta anos se passaram e Dark Side ganhou um status de clássico do rock, diversas bandas e artistas fizeram suas próprias versões do disco e ele ainda hoje permanece entre os discos mais vendidos do mundo. Marcou também o último disco do Floyd como uma banda unida, a partir daí veríamos uma banda cada vez mais marcada pelo domínio de seu líder, o baixista Roger Waters e uma distância cada vez maior crescendo entre os integrantes. Tudo isso culminou numa segunda obra prima The Wall, que curiosamente tem entre seus diversos temas, o isolamento.

The Dark Side of The Moon é um legado para humanidade, uma obra que daqui a cem anos ainda será lembrada e ouvida por muitas e muitas gerações.