sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Zeca e Joca em: Depois do Natal.

Aconteceu num belo dia nublado de 26 de dezembro, num velho asilo para soldados da borracha, lá ainda viviam Zeca e Joca.

_ ô Zeca!
_ Que foi Joca?
_ Que que tu ganhou de natal cumpadi?
_ Um Panetone do governo.
_ Olha aí eu também, ah, que pena que o natal passou.
_ E por que?
_ Ué, é um epoca bonita de amor, de paz, de confraternizações.
_ Realiza Joca, somos velhos, decrépitos, inúteis, nossos parentes nos jogaram esquecidos aqui, e nem mesmo telefonaram pra desejar feliz natal. A gente tá é esquecido aqui.

Eis que vem uma voz do outro lado da varanda.

_ Olha que coincidência, eu também to esquecido, aquele barrigudo vermelho, o que ele tem que eu não tenho? Distribui presentes, e eu? Distribuí Paz, Amor, Salvação eterna para a alma, porra, fui crucificado pra salvar esses ingratos, olha que o Cão inda me avisou, mas não, eu estava cheio de amor pra dar, é assim, é assim. Mas eu to legal, pelo menos ainda tenho os religiosos.... eu to fudido mesmo.

_ Esse aí fica rabugento no Natal, afinal o Zeca, quem é esse velho?
_ O bicho burro, tu num ta reconhecendo Jesus Cristo não?
....
_ Nunca ouvi falar.
_ Hum...
_ Mas o Zeca?
_ Que foi Joca?
_ Se esse Jesus Cristo ta aqui.ISSO NUM QUER DIZER QUE A GENTE TA MORTO NÃO?!!!!!
_ É, veja bem...


Gildson Góes.
Feliz dia depois do Natal.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Adeus Totó


Dias 13 e 14 de Dezembro foram dias muito tristes pra mim. Meu cachorro, o Totó, amanheceu muito doente, não conseguia mais nem se levantar, isso no dia 13, desde desse dia então já sabia que ele não viveria por mais muito tempo, afinal ele já tinha 16 anos de idade, dizem que isso é muito pra um cachorro, e eu acabei acreditando já que realmente ele estava com aparência e atitudes de um velho gagá, o que nos fazia ultimamente ri muito, quando ele ia mijar fazia uns ziguezagues por todo o quintal e deixava um rastro engraçado. Passava mais ou menos uns cinco minutos pra se deitar porque ficava rodando em volta de si mesmo, acho que era pra ficar tonto e ter um motivo pra deitar, dentre outras coisas que não vieram somente com sua velhice.

Eu pensava que ele nunca ia morrer, já que escapou da morte várias vezes, muitas das vezes quem salvou foi minha mãe, que vivia chamando ele de fila da puta, mas quando acontecia alguma coisa com ele se derramava em prantos.

Em prantos foi como fiquei durante o sábado e o domingo e agora toda vez que lembro dele. Minha mãe hoje acordou dizendo que sonhou com ele, ele tava com sede e ela ia até a casinha dele pra por água, e quando abria a porta ele saia cambaleando, como fazia ultimamente, já que mal estava conseguindo andar era o peso da velhice. – ai Meu Deus, nunca vou esquecer daquele cachorro – disse ela, e é provável que nuca mais vá criar um, pois quando tínhamos um periquito e ele morreu, ela disse que quando o Totó morresse também ela não ia criar mais bicho nenhum, porque morria e deixava saudades.

Pois é, criamos o Totó por 95% da minha vida, já que eu tinha cinco anos quando o ganhei, e graças ao meu bom senso desde criança, ^_^, ele se chamou Totó, porque se fosse pelo meu irmã ele ia se chamar Bradock ¬¬, sinceramente eu não imagino ele como Bradock.

Domingo de manhã meu pai o enterrou, minha, mãe tava com os olhos vermelhos e nem comendo tava, mas fazer o que? É a vida, e segundo o meu digníssimo: a morte só é ruim pra quem está vivo. E eu me esforço a acreditar que isso seja verdade e ele esteja em um lugar melhor agora.

Se eu pudesse enterrá-lo no cemitério, com certeza teria colocado uma lapide: SAUDADES DE SEUS FAMILIARES.

Elynalia Lima