terça-feira, 26 de agosto de 2008

Zeca e Joca em Conversas no Front de Batalha.

Ainda na grandiosa revolução acreana...

_ Ô Zeca olha lá do outro lado. - falou Joca.
_ Que foi homi?
_ É o Juan Pablo Assuncion de Las Casas. Aquele que era nosso cumpadi!
_ Ah tá to lembrado. Quede ele?
_ Ta ali atirando em nois, vou dar uma palavrinha com ele.
Joca mira sua arma bem no chapeu de Juan e atira. Acena do outro lado.
_Ô Juan, como é que vai cumpadi.
_ Ola amigo, esta tudo bien por aqui, como estão ustedes?
_ Tamo por aqui matando uns boliviano.
_ Yo estoi mantando uns brasileiro, já matei uns cinco.
_ Pois eu já matei bem um vinte boliviano.
_ Ah eu disse cinco? Quis decir veinte cinco.
_ Ah ta eu sei boliviano safado. Oh o Zeca ta aqui também atirando comigo!
_ Ola Zeca!
_ Como vai cumpadi Pablo! E a mulher?
Nessa hora, Zeca entrou em tiroteio acirrado como um boliviano bom de tiro, depois de alguns minutos de grande duelo, bala ia, bala vinha, ele finalmente acertou uma na testa do infeliz. Enquanto isso a conversa continuava animada entre Joca e Juan, terminada a batalha Zeca se escondeu na trincheira pra descansar.
_ Poxa até que enfim. Um descanso pra variar. E aí o Juan já foi?
_ É... foi sim...
_ Nem ouvi o que ele me respondeu da mulher dele.
_ Ah sim eu ouvi, ta muito bem de saúde, forte, pena só que recentemente a bichinha enviuvou.
_ E ta viuva a mulher do Juan? Coitado ele deve ta.... - só então caiu a ficha. - Tu matou ele num matou?
_ Num me olha assim não Zeca, amigos-amigos, guerra é a parte.
_ Pior é que é mermo.
_ Ó lá, ja voltaram.
_ O povinho pra num saber descansar.
E continuam os tiroteios.


Gildson Góes.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Mar das Névoas na Mídia.



SOCIEDADE EM FOCO.

Apesar de várias entrevista que eu dei para a divulgação do Mar das Névoas, (com jornalistas como Jorge Said e Joceli Abreu) com toda certeza essa foi a melhor delas. Portanto, faço questão de divulga-la aqui no Blog.
Não percam este Sábado, ás 8:30 da noite, no terceiro bloco do Programa Sociedade em Foco, a entrevista com Gildson Góes sobre o lançamento de seu segundo livro o Mar das Névoas, pela editora All Print.

Vale lembrar também que o livro já está disponível a venda, nas livrarias Nobel, Paim e Betel, bem como em diversas bancas de revistas pelo centro da cidade.
Também podem ser adquiridos comigo o autor, pelo telefone 9977-1090. Lembrando que ainda está válida a promoção de 2 livros por R$ 25,00 (Guerreiros da Noite e Mar das Névoas).


Gildson Góes.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Amanhã é o Grande Dia.

Enfim, amanhã é o grande dia do Lançamento, mais exposição de arte. Lançamento do Livro Mar das Névoas e exposição de três artistas plásticos. São eles: Gildson Góes, Ìtalo Christofer e Marcelo Zuza.

A partir das 19:00h na Tentamem.

Ótimo programa, espero meus milhares de fieis leitores do blog lá. Conto com Vocês.

Participe!!!!!

sábado, 9 de agosto de 2008

Os Pesadelos do trabalhador honesto à meia noite - ou - O Psicótico do Cutelo*

Aquela vida de horas extras não era para ele, o honesto trabalhador, se via obrigado a voltar para casa no último ônibus, bem sabia ele da má fama das ruas de seu bairro durante a noite, mas o que fazer, havia trabalho e tinha que ser feito, pelo menos a hora extra daria para comprar aquele vestido para o aniversário da mulher e mais algumas coisas para as crianças é claro, quem sabe até sobrasse um dinheirinho para fazer uma festa, a patroa certamente iria gostar.
Porém, tudo nessa vida possui um problema, e um deles era aquele sujeito no fundo do ônibus, antipatisara com ele desde o momento em que vira aquela expressão débil, de olhos arregalados e de boca aberta, e o velho maluco parecia ter fixado sua atenção nele, vez ou outra o trabalhador honesto voltava seu olhar para os fundos do ônibus, assim desfarçadamente, e lá estava aquela expressão idiota e apavorante, olhando, encarando, escondando uma gama de pensamentos terríveis sob aquele rosto. O velho parecia assutado, mas era o trabalhador honesto quem realmente estava assustado, e um tanto quanto revoltado, quem diabos era aquele velho para lhe estar incomodando a essas horas da noite? Já não era o suficiente trabalhar horas a mais do que já devia trabalhar? Assim era demais.
Pelo menos era hora de sair do ônibus, iria se livrar do velho esquisito, qual nada. Lá estava, enquanto o honesto trabalhador seguia seu rumo para a rua, lá estava o velho, em pé e parado, na parada, olhando para ele se distanciar, não se movia, nem mesmo um pouco.
O trabalhador, seguiu seu rumo, ainda assustado, não gostava da sensação de estar sendo perseguido, afinal, não trabalhava honestamente? Não conseguia dinheiro com seu suor? Não era correto e religioso, não pagava seus impostos? Por que afinal devia passar semelhante e incomoda situação? Já não era o bastante ter seu chefe lhe amolando, querendo tudo para a amanhã de manhã, sendo que lhe passou serviço faltanto quinze minutos para terminar o horário de serviço, claro, o chefe ia embora em seu carro do ano, e no horário, devia estar transando com as putas em algum motel nesse momento, algum motel caro. Que pege AIDS filho da puta! pensa o honesto trabalhador. E ele obrigado a andar nas ruas escuras, iluminadas por miseráveis postes alaranjados que só fazer é aumentar o ar tenebroso da rua, com um velho esquisito que - Queira Deus - ainda está lá parado na parada.
Ele realmente não estava afim de olhar para trás, só para ver aqueles terriveis olhos esbugalhados e aquela expressão morta viva, vindo lentamente em sua direção. Certamente, ele não estava ali, era tudo paranóia, era isso de voltar a meia noite para casa. Mas e se o velho estivesse ali, não havia realmente acontecido casos de assassinato na cidade? Era o psicótico do cutelo como os jornalistas - ô racinha essa!!!! - o chamaram? Seria ele? Não, maluquice. E por que não? Ele era estranho suficiente para isso, não era? É só um bêbado. Não é só um bebado, corre! Que correr que nada afinal já estou quase em casa! Corre ele ta chegando, não ta ouvido? O que, só o ruido dos ar-condicionados. Seu idiota, não tá escutando essas batidas, parecem passos não, chegando, chegando, perto, perto, atrás de Você!
De fato, passos, perto. Ele não quis olhar, estava perto demais, não podia ser o velho, ele estava lá, distante, parado na parada. Mas esses malucos sempre têm um jeito. Ai meu Deus! Eu não vou olhar, vou correr. Não seja idiota olhe, vai ver que não é nada.
Chegando, chegando, chegando.
Com uma rápida guinada ele olha. E vê a coisa mais inesperada que já viu.
Um cachorro carregava em seu dentes um cesto de lixo, o só de passos, não era mais que o só do cesto de plástico batendo contra as patas do cachorro. O cachorro continuou, tranquilamente e calmamente, seus passos em direção a um portão de ferro, lançou aquele olhar de - como vai compadre - despreocupação na direção do trabalhador honesto. Chegando no portão começou a bater nele com sua pata.
_ Cachorro esperto esse. - acho que vou comprar um com o dinheiro das horas extras, pensou o trabalhador.
E seguiu, tranquilo e calmo, seu caminho para a sua casa, não estava realmente muito mais longe dali.
Chegou ao portão, abriu o cadeado, com a tranquilidade e a calma que só os honestos trabalhadores e cumpridores do seu dever, podem ter. Lançou novamente um olhar para cachorro, por simples curiosidade, para ver ser este já havia entrado em casa e caso não para testemunhar novamente o divertido episódio do cesto de lixo.
Pena que o chachorro jamais entraria em casa.
A cabeça canina estava suspensa na esquerda de um velho psicótico, extendida para o alto como um ritual, o corpo jazia no chão sangrando pelo grande buraco que fora o pescoço do cachorro. Na mão direita do algoz havia um cutelo refletindo a luz alaranjada do poste. O assassino olhou para o honesto trabalhador, que a essa altura já estava com o coração na mão e uma imensa necessidade de utilizar o banheiro, era o velho do ônibus, ele constatou, entrou em casa, trancou o portão, a porta, as janelas.
Naquela noite, depois de dar o costumeiro beijo de boa noite em sua esposa, olhando para o teto e revendo a cena grotesca, ele pensou.
Acho que vou mesmo é comprar um carro.


Gildson Góes.

* Levemente baseado em fatos reais. Muito levemente.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Motivação Revolucionária.

Escondidos atrás das trincheiras Zeca e Joca atiravam nos inimigos. Era a Grande Revolução Acreana.
_ ô Joca, mas afinal de contas, qual o sentido disso tudo? Essa revolução tem sentido mesmo, não são eles seres humanos também, eles também não têm mulher em casa, não vão deixar orfãos, afinal de contas, talvez nem quisessem ta no exército, só tão recebendo ordens dos generais nessa guerra que não trazer nada de melhor na vida deles. Pra que tudo isso hein? Por que tamos atirando nesses bolivianos?
_ porque senão o general Plácido fuzila a gente.
_ Ah. verdade.
Mais tiroteio.
_ mas ô Joca. O que acontece se os bolivianos vecenrem essa guerra, afinal a terra era deles segundo o tratado de Ayacucho num é? Isso que tamos fazendo não seria um roubo? Essa terra num é direito deles não?
_ pode até ser Zeca, mas se eles ganham eles expulsam o coronel e nós fica desempregado. Então atira!
Zeca fica parado uns instantes refletindo...
_ ô Bolivianos desgraçados.
E voltamos aos tiroteios.


P.s. crítica histórica sem embasamento nenhum, sem moral e sem sentido.

Feliz 6 de Agosto!

terça-feira, 5 de agosto de 2008