quinta-feira, 31 de julho de 2008

Aguardem....

No Mes que vem (a partir de amanhã)

Teremos as aventuras de Chico Moreno, Assassino Profissional e o terrível BICHO FEIO!

Até lá.... o/

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 5 - Em que nossos personagens encontram seu fim.

E para fechar o mês......


Ainda lembrava seu Francisco, das gloriosas noites de choperia, dos porres homéricos, das conversas altamente intelectuais, dos risos, das alegrias, da movimentação que havia naquela cidade desde a fundação do empreendimento. Dos domingos de futebol, da sexta de música ao vivo, tudo era agora apenas um lembrança de Seu Francisco. Passou o resto de seu dias a beber e relembrar do mais precioso momento de sua vida.
_ Jamais uma cerveja será tão boa quanto a da minha choperia. - falava seu Francisco.
Ele cansou da cidade e de seus reclamantes cidadãos, foi-se embora para a cidade grande. Lá virou um velho bêbado e amargurado que caminhava pelas ruas, com uma buchudinha na mão, pedindo esmolas e pratos de comida e falando da lenda que ele era.
_ Nunca, nunca aquela cidade ingrata viu uma Choperia como a minha. Eu me tornei uma lenda entre os botequeiros, eu ousei fazer o melhor ponto de bebida daquele interior e fui traiçoeiramente enganado. Ingratos, velhacos. Que bebam em seus botecos fedidos eu num to mais nem aí. Mas eu era uma lenda. - falou ele para um jovem que estava sentado ao seu lado em um banco. E para esse jovem ele contou toda a sua história, o jovem ouviu e não a esqueceu.

Alguns anos depois, aquele jovem desceu de um ônibus em uma pequena cidadezinha do interior e procurou um local onde comprasse algo gelado para beber, lá encontrou um boteco onde dois velho bebiam. Pediu um refrigerante e ouviu a conversa dos bêbados.
_ Nunca tem nada para se fazer nessa cidade, sem alguém ao menos fosse homem para fazer um empreendimento de verdade, aposto que teria sucesso, mas que a porqueira desse boteco.
_ E ninguém nunca tentou nada? - perguntou o jovem.
_ Até tentou meu filho, o Seu Francisco, e a Choperia o Ciclista Bêbado, mas num foi pra frente não e ficamos aqui, com o boteco do Ruivo. Mas aquela choperia é uma lenda até hoje ainda a gente fala, essa cerveja não é tão boa quanto a da Choperia do Francisco.
O jovem não pode conter a surpresa ao saber da realidade da história do velho mendigo das ruas.
_ E o Seu Ruivo, o que houve com ele?
_ Então, depois que seu Francisco se mandou daqui, o Ruivo tomou o porre mais lendário dessa cidade, esgotou o bar dele, deu cerveja de graça para a cidade todinha. Ai depois do Dia do Porre, encontramos seu Ruivo afogado no posso. Morreu todo sorridente o traíra, esse negócio de botequeiro deixa as pessoas birutas. Hehehehehehehehehe, num é nãoTião?
_ É mermo. - falou Tião. - Acho que o Seu Francisco é que foi esperto, deve ta fazendo sucesso lá pela cidade grande, embebedando até o prefeito. Do jeito que era o velho. hehehehe. Num é não Raimundo.
_ Pois é?
_ E onde ficava a choperia? - perguntou o jovem.
_ Fica uns quinze minutos mais pra lá, tu pode ir andando se quiser, inda da tempo de pegar o ônibus.
E lá foi o jovem, não demorou encontrou o espaço em ruinas. Não havia mais nada, só o espaço, as cadeiras, a máquina de chopp, as geladeira da cerveja, a televisão, o som, as mesas e cadeira tudo havia ido embora. O jovem se encostou na varanda e viu o enorme vale preenchido de bois e pasto, ao longe, a sombra longíqua de uma área ainda florestada.
Seu Francisco não teve sucesso na cidade grande, isso era coisa demasiada difícil, ele apenas se tornara um mendigo, e uma bela manhã o jovem estava passando pela praça e viu seu corpo ser posto dentro de um saco preto e ser levado para o IML, morreu como indigente sem nome e sem família.

Quando foi embora, os dois velhos ainda bebiam no velho bar do ruivo. Estavam pedindo mais uma quando o jovem embarcou no ônibus.
Cervejaria e cervejeiro passam, mas a cerveja continua - pensou o jovem.
O ônibus zarpou, a única coisa em movimento na cidade de Parado.

FIM!!!!!!!!

Gildson Góes.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 4 - Falência

_ Mah rapá Seu Ruivo. - falou Raimundo. - Tu tava era muito do seu enganado ta sabendo, o Seu Francisco é gente fina. Fiou a noite toda pra nóis.
_ Num é. Aquilo é homem com coração de ouro. - falou Antonio.
_ Coração grande que não cabe no peito. Tão generoso nunca vi. - falou Tião.
_ E quando os senhores pensam em pagar? - perguntou o Ruivo. - Afinal de contas, fiado não é dado, e aí?
_ Ora, pois no fim do mês o dinheiro todo estará nas mão do Francisco, num é não? - falou Raimundo.
_ É mermo. - falou Antonio.
_ Pois num é. - falou Tião.

Ora, a semente maligna do ruivo já estava lançada. Ninguém distribuiria cerveja no seu monopólio, e se ele era visto como ambicioso e mão de vaca e Seu Francisco como generoso e mão aberta, pois então ele mostraria como mão aberta de seu Antônio o levaria a queda.
Naquela noite o próprio ruivo foi à Choperia de O Ciclista Bêbado e durante toda noite bebeu fiado.
_ Deixe estar seu Ruivo, bem sei que seu boteco anda meio ruim de freguesia, acho até que tem um pouco de culpa minha nisso, por isso, o senhor bebe e fiado e fiado com desconto.
_ Os boatos não mentem Seu Francisco, o Senhor tem o coração de ouro, quase não cabe nesse peito.
No dia seguinte Seu Ruivo colocou em prática a segunda parte de seu maligno plano, e na noite do dia seguinte, todo o ouvido que possuia a capacidade de escutar em Parado sabia do coração de ouro de Seu Francisco, e naquela noite todo mundo resolveu economizar algumas notinhas para feira do fim de semana, ou para aquelas compras na cidade, e tantos outros gastos extremamentes necessários.
O pobre Seu Francisco, cuja maior qualidade era também seu maior defeito, não sabia dizer não e tão compreensivel era, compreendia cada uma daquelas compras e ainda por cima entendia a grande necessidade que era a cervejinha para tirar o stress da cansativa vida da cidade.
E assim continuou, a necessidade econômicas aumentando e aumentando, e Seu Francisco sempre sorrindo, sempre complacente ia concendendo, só mais um dia de fiado, que mal havia.
Todos os dias o velho, ambicioso e mal amado ruivo bebia solitário sentado à frente de seu boteco, sempre rindo, as vezes até gargalhando sozinho. Seu plano funcionava às mil maravilhas, não poderia ser melhor.
E realmente só não foi melhor por falta de gente na cidade. Ao fim do mês cada habitante daquela cidade devia à Seu Francisco um quantia exorbitante de dinheiro, e como Seu Francisco já não mais recebia à noite, não teve mais como pagar a bebida e logo começou a faltar, a Tv por assinatura foi cortada, junto com a luz já que a conta não tinha sido paga. Logo depois cortaram a água também. E Seu Francisco decidiu, tristonho e choroso, declarar o fim de seu empreendimento.

_ Acontece Seu Francisco, essas coisas de bar tem que se ter coração forte. - falou o Ruivo, quando Seu Francisco apareceu em seu boteco e gastou tudo o que lhe tinha sobrado no maior porre da sua vida.

Continua...
onde esses personagens encontraram seu fim.

Gildson Góes.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 3 - O Sucesso.

A choperia "O Ciclista Bêbado", já nasceu em berço esplêndido desde sua concepção. Acontece que seu dono aconteceu de ser Seu Francisco, e acontece de Seu Francisco ser um homem de visão. Isso quer dizer que, ao invés de ter montado mais um boteco. Ele realmente montou uma área de lazer alcoolico de luxo. Algo nunca antes nem ao menos imaginado pelos bons cidadão de Parado.
Ela ficava logo no início da cidade, exatamente no cume de um morro, propriedade que Seu Francisco sempre pensou em utilizar na vida, mas nunca antes havia achado uma boa razão.
_ Mas por que raios logo aqui Francisco, num é melhor perto do ponto de ônibus pros turistas. - perguntou Seu Raimundo.
_ Deixe meu amigo. - respondia sorridente o seu Francisco. - Esta vai ser a noite de inauguração, e aí vocês vão ver.
_ É? Mas por que?
_ Você vai ver, você vai ver.
Ora, o motivo pelo qual nosso personagem principal sempre achou que aquele lugar lhe daria futuro apresentou-se naquela noite, no formato de uma lua imensa e resplandecente que encheu de luz prateada todo o campo lá embaixo, uma visão esplêndida, o céu estrelado parecia mais perto da terra e a vista alcançava longe aquela visão, era possível ver os farois dos carros surgindo longíquos da escuridão.
Estava então inaugurada a choperia, tv de 21 polegadas, som estéreo, musica ambiente, espaço para sinuca, dominó e carteado, além do chop mais gelado daquela região.
Não deu outra, a choperia virou um sucesso, todos os dias que abria lotava, varias pessoas iam e vinham, até mesmos as impopulares viagens norturnas dos ônibus, ganhou uma nova clientela, toda interessada em passar algumas horas no ambiente alternativo e legal da choperia, os intelectuais adoravam sentar na varanda e discutir os eternos e muito sérios problemas do mundo moderno, muitos ainda preferiam sentar ao balcão e ter uma boa prosa com seu Francisco sempre apto a discutir todos os temas existentes.
A choperia de seu Francisco, virou mais que um sucesso, mais que uma referência aos bares da região, mais que o melhor ponto de parada de ônibus de toda a cidade (o ponto de ônibus mudara de local desde a fundação da choperia), a Choperia O Ciclista Bêbado virou uma lenda local, que por muitos anos seria lembrada.
Porém, nada nem sempre são flores, e foi num belo dia de verão escaldante, que o inimigo começou seu plano maligno.
_ Ô Ruivo, você devia deixar seu boteco que nem o do Francisco, lá da gosto de ir.
_ Pode até ser. Mas aposto que o velho egoísta nao fia pra vocês.
_ Mas é claro que fia, homem. Deixe de besteira, mas nunca ninguém precisou.
Seu Raimundo saiu de sua conversa com o Ruivo encafifado, será que o Francisco fiava mesmo. Ora, pois ele iria descobrir. E assim começou o ciclo que levaria a ruina a boa idéia de Seu Francisco.
Naquela mesma noite, Raimundo sentou a beira do balcão e falou.
_ E aí Francisco, manda um Chop fiado aí pro seu velho amigo?

Continua....

Gildson Góes.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 2 - O Empreendimento.

Foi um único momento, um lampejo, uma visão, que levou seu Francisco a realizar seu empreendimento. Foi uma situação que este vivenciou em mais um de seus tediosos dias, esperando pela morte. Foi uma frase, que mais tinha chacota que de sugestão. Nem mesmo devia ser uma critica construtiva, apenas um desabafo de uma vaijante vagabundo e cansado. Nada mais, mais foi o estopin para Seu Francisco.
Quando naquele dia escaldante, chegou aquele viajante, um vagabundo vagando pelo mundo. Que por coincidência parou naquela cidade, em sua bicicleta importada, chegou ao bar do ruivo e pediu uma cerveja para amenizar o calor, aquele viajante que sessenta quilômetros adiante, encontraria seu destino embaixo de algumas toras de madeira de um caminhão não licenciado, nas mãos de um motorista cansado. Ele bebeu seu gole e falou, a todos que queriam ouvir.
_ Lembro-me, senhores, que na minha cidade havia uma choperia, com bebida geladinha, som ambiente de qualidade, tv para o futebol, maço de cigarro para os fumantes e banheiros tão limpos que fazia gosto neles mijar, de fato alguns, ao invés de fazer em casa, cagavam lá. Quantas saudades eu sinto daquela choperia. O Chopp saía espumante e gelado, como a antártida, da máquina. Tinha carteado, dominó, som ao vivo as sextas feiras. Tudo do bom e do melhor. Pena aqui só tem boteco, mas pelo menos a cerveja é gelada.
Calmo Ruivo aguentou o comentário do viajante bebum, e Seu Francisco, que por acaso aquela manhã também saíram em busca duma amenização para o calor. Ouviu a lorota, que lhe surgiu como ideia. Uma Choperia, por que não, um fim para o marasmo que era a sua vida. Pra que ficar em casa envelhecendo mais a cada dia, viramdo mumia viva? Ele iria abrir o melhor boteco que aquela cidade já viu. Ele iria criar o melhor ponto para bebados de toda a região.
E assim, com o dinheiro que tinha na poupança, Seu Francisco montou o seu empreendimento, o ponto de diversão de segunda a segunda.
A Choperia O Ciclista Bêbado, nasceu, na terra onde só o tédio e a chatisse floresciam, ele trouxe o explendor da bebida alcoolisada e da diversão. E por muito tempo, aquilo foi bom.

Mas como sempre....
continua....

Gildson Góes.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 1 - O Lugar.

Havia uma cidade, na verdade um vilarejo, na verdade um conjunto de cinco ruas interligadas por pequenas e não pavimentadas travessas, aliás, pavimentada mesmo só a principal, a que cortava a cidade no meio, que era a Br, o resto no máximo, tinha um pouco de piçarra. A cidade era pequena, parada e pobre. Toda a vida da cidade se concentrava na Br é claro, por onde passavam carros, caminhões e ônibus. Paravam, lanchavam, iam no banheiro, iam embora. Era sempre a mesma rotina. Era uma vila de certa forma bem esquecida pelos governos locais. Bem, na verdade, isso é uma injustiça, afinal, a BR foi pavimentada e suas margens calçadas, luminárias em formatos europeus agora iluminavam a noite, baquinhos de madeira para a população espairecer com um belo por do sol a tarde, foram fixados e uma pracinha central foi construida, mantendo sem ao menos derrubar uma árvore das que já existiam, a noite não havia coisa mais bonita no pequeno vilarejo do que a pracinha iluminada por luzes alaranjadas, a menina dos olhos da população. Nunca tanta coisa havia sido feita pela bela cidadezinha.

Havia um posto de saúde, só não havia remédios, o médico aparecia lá de vez em quando, mas nas campanhas de vacinação, era sagrado as vacinas estarem lá, essa época não fazia muito sucesso entre as crianças. Havia também uma escola, que havia recentemente sofrido uma bela reforma, tudo ficou arrumado e bem feito, só faltavam os professores. Mas isso nem era lá um problema muito grave. Não havia também muitas crianças.

Essa era um pequeno incoveniente na cidade, ela estava envelhecendo, cerca de 80% de sua população passava dos cinquenta anos, entre os homens e dos quarenta entre as mulheres, os jovens a maioria morava com parentes na capital. Era uma cidade bem parada, sem o que fazer, os velhos na maior parte das vezes passavam o dia sentados nos bancos olhando para o nada e repassando entre si as últimas notícias, os óbitos eram bem frequentes nessas conversas, na verdade, um assunto até certo ponto bem popular. Então o que dizer, a pobre cidade estava morrendo.

Até os velhos já estavam reclamando que não havia nada de diferente pra se fazer na cidade, já haviam cansado do velho Bar do Ruivo, até mesmo cerveja, petisco e futebol nos domingos cansa nessa cidade. Os viajantes vinham, comiam, bebiam, cagavam e iam embora pensando: "nossa que lugar parado", até mesmo o velho (m)hotel do Azevedo fechara. Tudo faltava na cidade, e ela definhava pouco a pouco, com sua população envelhecida e cansada, da rotina, do marasmo, da paz reinante. Nem mesmo lembravam mais a ultima pessoa esfaqueada alí.

Foi nesse clima de tédio desesperador que surgiu Seu Francisco, veterano da cidade, com espiríto empreendedor adquirido em muitas viajens pelo mundo afora. Surge ele com uma idéia que poderia revolucionar o espiríto moribundo da cidade.

Para ressucitar a boa e velha cidade de PARADO.

continua na parte dois "O Empreendimento"

Gildson Góes.