segunda-feira, 7 de abril de 2008

Histórias de seringueiros - Os chifres da cobra grande


Eu nunca vi uma cobra com chifres, mas como em seringal tudo tem e tudo aparece... Acredite, no Rio Amônia existe uma cobra que cresceu tanto que nasceram chifres nela!!!

Vou contar melhor a história...

Estava eu, assistindo um daqueles programas ecológicos, quando aparece a notícia de uma cobra tão grande que engoliu uma capivara adulta inteirinha. Essa cobra tinha pra mais de sete metros e estava amedrontando alguns moradores das margens do Rio Tiête no interior de São Paulo.

Mas voltando ao assunto, aí lá estava vendo a cobra regurgitando a capivara pra poder fugir dos moradores que a capturaram quando chamo a minha mãe e falo: “ mãe vem vê o tamanho dessa cobra! Ela engoliu uma capivara inteirinha!!”, eu em toda minha inocência não esperava que a minha mãe, que como já disse é uma ex-seringueira e costumava contar histórias de terror no escuro para crianças indefesas, tivesse uma história mais cabeluda sobre cobras no Rio Amônia. Então ela disse “que menina, essa daí é pequena, lá no remanso tinha uma que engolia era um boi inteiro, só ficava com os chifres do boi pro lado de fora, ela ficava com a boca aberta até os chifres caírem, era tão velha que tinha até chifres”.

Aí fiquei em um dilema, acredito ou não acredito? Será que é possível uma cobra crescer tanto e ficar tão velha a ponto de nascerem chifres? Mas como já disse, tudo acontece no seringal...

Eu lembro que uma vez ela disse que tinha uma cobra de baixo de um banco de areia no meio do rio, toda a vez que a cobra se mexia o banco de areia se mexia, e às vezes dava de ver o chifre dela pelo lado de fora, agora saber se essa cobra ainda vive é um mistério, mas talvez não viva mais, já que onde minha mãe morava se transformou em um vila, não é mais seringal, então consequentemente todas essas criaturas e bichos devem ter desaparecido junto com a imaginação daqueles que lá viviam e foram embora para outros locais, as pessoas de hoje não acreditam mais em nada...

A minha mãe também costumava contar que nomeio dos igarapés havia ossos, como um casco de tartaruga de uns 3 metros, já faz mais ou menos uns 14 anos que ouvi essa história pela primeira vez. Mais ou menos no início do ano 2000, paleontólogos encontraram fósseis enormes no meio de igarapés, inclusive um casco de tartaruga enorme, lá pela região de Thaumaturgo. Daí dá para se imaginar, essa história dos ossos gigantes era verdadeira, os fósseis foram achados, minha mãe sabia da existência de animais pré-históricos na Amazônia bem antes de comprovarem cientificamente, então, será que um dia cientistas também não poderiam descobrir que realmente a cobra grande com chifres morava debaixo do banco de areia? Ou que um homem vendeu a alma ao diabo e depois quis desfazer?
Pois é, sabedoria e contos populares podem muitas vezes não ser apenas “causos”, e sim mistérios de um mundo que ainda não conhecemos, pois há mais entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia (ficou até poético).

Elynalia Lima

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